Apaixonado pelo bioma, cinzas de Antônio João serão jogadas no Pantanal

Amante da pesca, ardoroso defensor da preservação do Pantanal e profundo conhecedor do bioma, o jornalista Antônio João Hugo Rodrigues terá o corpo cremado e as cinzas jogadas no Rio Paraguai, principal rio da maior planície alagável do mundo.

De acordo com Marcos Fernando Alves Rodrigues, sobrinho de Antônio João, em épocas passadas o tio manifestava o interesse em ser sepultado junto aos pais, Henedina e José Barbosa Rodrigues, no cemitério Parque das Primaveras.

Mais recentemente, porém, deixou claro a diversas pessoas seu interesse em ser cremado e ter a cinzas jogadas no Pantanal. A previsão é de que após o velório, entre 10 e 12 horas desta terça-feira, no Memorial Park, o corpo seja levado para Araçatuba, no Estado de São Paulo.

A família optou pela cidade paulista porque em Campo Grande a cremação ocorreria somente em 30 dias. Em Araçatuba, ela deve acontecer, no máximo, em sete dias. Depois disso, de acordo com Marcos Rodrigues, os familiares ainda vão definir a data e o local exato para dispersão das cinzas.

O que ele gostava mesmo, enfatiza Marcos, era do Pantanal. Durante décadas, lembra ele, não poupou esforços e utilizou toda a força que os veículos de comunicação os quais comandava para difundir as belezas e defender a preservação intransigente desta planície incomparável.

Ao longo de cerca de duas décadas, seu destino preferido era um pesqueiro às margens do Rio Piquiri, na parte norte do Pantanal sul-mato-grossense. E foi por meio deste pesqueiro que incontáveis empresários e políticos de Mato Grosso do Sul e de outras regiões do País também passaram agosta, conhecer, respeitar e a defender as belezas naturais e a importância da preservação do bioma para a economia regional.

Em épocas nas quais as imagens aéreas eram raras (drone não existia), o mundo inteiro já passou a conhecer o Pantanal visto de cima. Bastavam surgir as primeiras notícias de cheia e o Antônio João já providenciava um avião, um cinegrafista e um fotógrafo (muitas vezes ele próprio) para sobrevoar e mostrar os alagamentos e os esforços para a retirada dos rebanhos das partes mais baixas, faz questão de lembrar Marcos Rodrigues.

Defendia, também, as riquezas da região. Foi ferrenho adversário da venda das minas de Urucum para a gigante Vale, principalmente por causa do valor irrisório que ele diz que a empresa estava pagando ao Estado, que até então era detentor do maciço de minérios em Corumbá.

E apesar de ser apaixonado pelo Pantanal, usou toda sua força para ajudar a barrar a mudança do nome de Mato Grosso do Sul para Pantanal quando o então governador Zeca do PT sugeriu a alteração, lembra Marcos Rodrigues. Isso porque, enfatiza Marcos, muito antes disso a família inteira foi fundamental para a criação de Mato Grosso do Sul, que até 1977 fazia parte de Mato Grosso.

Antônio João estava internado desde a semana passada e morreu em decorrência de problemas cardíacos.

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