Disparada de casos de gripe leva Capital a decretar emergência
Há três semanas, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) acompanha a disparada de casos de síndrome respiratória em Campo Grande. O número cresceu tanto que ontem levou a prefeitura a decretar estado de emergência em saúde.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, em quatro meses, foram registrados 1.033 casos graves de síndrome respiratória na Capital, o equivalente a quase a metade dos casos de 2023. No ano passado, segundo os dados do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs-CG), 3.165 pessoas tiveram casos graves de síndrome respiratória.
A preocupação da secretaria é referente à influenza A, a qual, entre as síndromes respiratórias, tem mais casos registrados em Campo Grande. Dos cinco óbitos que ocorreram nos quatro primeiros meses do ano, quatro eram pacientes que morreram em decorrência da influenza A.
“Queremos que a população entenda esta gravidade e tome as medidas [necessárias], usar a máscara, lavar as mãos, utilizar álcool em gel e tomar a vacina. Nós temos vacina disponível especificamente contra a influenza A, que está causando os óbitos, mas, infelizmente, só vacinamos 17% do público-alvo. Oriento as mães que evitem sair muito com os bebês porque esse vírus pode evoluir para uma pneumonia em alguns casos”, disse a secretária.
O aumento do número de casos de síndrome respiratória vem sobrecarregando o sistema de saúde da Capital, já que o período de internação, que normalmente é de cinco dias, está se estendendo para 15 dias atualmente.
“Continuamos com um grande número de atendimentos nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], chegamos a registrar mais de 5 mil atendimentos. A nossa média é de 4 mil atendimentos por dia. Os leitos hospitalares de emergência das salas vermelhas e amarelas estão operando acima da capacidade”, declarou Rosana Leite.
Com a crise no sistema de saúde, que ocorre principalmente nas UPAs e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a prefeitura publicou no Diário Oficial que a cidade se encontra em situação de emergência em saúde pública, em razão das elevadas taxas de ocupação de leitos de urgência e emergência e de unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatal e pediátrica em decorrência do aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) de etiologia viral.
Na prática, este decreto emergencial faz com que o Executivo consiga licitar a compra de equipamentos de saúde por meio de um processo menos burocrático, além de poder receber ajuda financeira do governo federal para conseguir suportar a demanda por atendimentos.
Uma das ações informadas pela secretária municipal é a implantação de mais 10 leitos hospitalares, que serão instalados no setor de emergência da Santa Casa de Campo Grande.
O reforço de, pelo menos, mais um médico em cada uma das UBSs para o atendimento dos pacientes também foi anunciado.
A Sesau também acionou a Defesa Civil no decreto emergencial, que realizará, de acordo com Anderson Adolfo, titular da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, um levantamento de casos nas regiões da cidade, com o intuito de pedir ao governo federal recursos financeiros na área da saúde para a Capital.
“Neste cenário que Campo Grande se encontra, de doença contagiosa, abrimos um formulário de informação de desastre, em que vamos subsidiar a solicitação de recursos para que as unidades de saúde consigam conter este desastre. Nesses relatórios, teremos 10 dias para coletar as informações que vão trazer quais são os recursos necessários, para solicitarmos os subsídios”, explicou Adolfo.
Em decorrência do aumento de casos de vírus em diversas regiões do País, o Ministério da Saúde publicou uma portaria, na sexta-feira, informando que poderá enviar recursos financeiros para municípios que também estiverem em situação emergencial, como a Capital.
RECOMENDAÇÕES
Questionada pela reportagem do Correio do Estado durante entrevista coletiva, a secretária de Saúde informou que vai se reunir com o secretário de Educação para traçar estratégias para mitigar as doenças em nas escolas, com medidas que podem ser realizadas dentro do ambiente escolar para evitar a transmissão das síndromes respiratórias.
“Vamos reiterar ainda mais as medidas de segurança, todas as doenças respiratórias têm a mesma forma de proteção. Crianças acima de 5 anos que estiverem com sintomas leves conseguem usar máscara, mas, se começarem a ter sintomas mais agravantes, como febre, realmente terão de ficar em casa”, aponta Rosane.
Apesar de não haver campanhas informativas da Prefeitura de Campo Grande que incentivem e esclareçam a importância da vacinação, a Sesau recomenda que a população procure a unidade de saúde mais próxima para receber o imunizante, como forma eficaz de diminuir o número de casos.
Sobre uma possível ampliação do público-alvo que pode receber a vacina da gripe, a secretária explicou que pretende se reunir com o Ministério da Saúde para conversar sobre esta possibilidade.
“Nós estamos aplicando a vacina de domingo a domingo, todos os dias, em todas as nossas unidades, nos fins de semana e feriados, fazendo as ações. A maioria dos casos que vai a óbito é de pessoas que estão no público-alvo que deveria estar vacinado”, destacou a titular da Sesau.
SAIBA
A Prefeitura de Campo Grande ativou o Centro de Operações de Emergências (COE) para estabelecer estratégias e ações efetivas contra o aumento de casos de síndromes respiratórias agudas graves.