Alta de casos de gripe faz Estado reimplantar distanciamento social
A circulação intensificada de vírus respiratórios em Mato Grosso do Sul resultou na volta de recomendações de distanciamento social nas escolas do Estado.
Comunicado da Secretaria de Estado de Educação (SED), por meio de nota de recomendação para todos os estudantes, professores e servidores administrativos, alertou ontem sobre novas medidas emergenciais nas escolas para evitar a disseminação de gripe entre crianças e adolescentes na Rede Estadual de Ensino (REE).
A SED recomendou a adoção nas escolas do uso de máscaras, higienização das mãos, manter o distanciamento físico e manter os ambientes desinfectados e bem ventilados –orientações, entre outras, adotadas durante a pandemia de Covid-19.
As orientações consideram o Alerta Epidemiológico nº 19, emitido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) no dia 16, que alerta sobre a circulação intensificada de vírus respiratórios no período de sazonalidade, que ocorre nos meses mais frios do ano no País, gerando o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) entre crianças, com nível de incidência de moderado a muito alto em Mato Grosso do Sul.
Além disso, há o decreto municipal de situação de emergência por 90 dias, publicado pela Prefeitura em Campo Grande como medida emergencial para conter o aumento de doenças respiratórias e em resposta à superlotação de hospitais em função do aumento do número de casos.
Já em Corumbá, conforme informado em reportagem do Correio do Estado, o risco de crise na saúde fez com que as aulas de 15 mil alunos fossem suspensas nesta semana.
A medida é uma tentativa de frear o aumento de casos de gripe na cidade, que está com incidência de 160 notificações de Srag. Corumbá é o segundo município com mais registros, só atrás de Campo Grande, e o primeiro do interior em número de pacientes.
A interrupção das aulas atinge apenas os estudantes da rede municipal. Apesar das aulas estarem suspensas, os serviços administrativos, envolvendo gestão, coordenação pedagógica, professores e servidores, continuam em funcionamento normal e vão prosseguir.
Em razão das recomendações de saúde emitidas pela prefeitura de Corumbá, até a apresentação de espetáculo de dança do Moinho Cultural, que aconteceria hoje na cidade, foi cancelada.
VACINAÇÃO
A vacinação contra a influenza (gripe) é a medida de prevenção mais eficaz de proteção contra as doenças respiratórias, diminuindo a circulação viral e evitando complicações e óbitos.
Diante do aumento de casos em crianças e da superlotação dos serviços de saúde, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) e a SES estão intensificando as campanhas de vacinação.
Na Capital, a prefeitura decidiu ampliar a vacinação para toda a população a partir de 6 meses de idade. A medida foi tomada no sábado, para que todos os postos de saúde tivessem o imunizante disponível para aplicação da vacina.
De acordo com a Sesau, apenas 56 mil doses foram aplicadas no público inicialmente elegível (crianças, idosos e gestantes) antes da liberação para todos os públicos.
A reportagem esteve presente na Unidade de Saúde da Família (USF) 26 de Agosto, localizada no centro da cidade, para conferir se a liberação para todos os públicos resultou no aumento de procura pela vacinação contra influenza.
De acordo com os profissionais de saúde da unidade, os atendimentos para aplicação da vacina saltaram de 300 para mais de 500 por dia.
Tanto pela manhã como no período da tarde, idosos, adultos e crianças de todas as idades compareceram à unidade em busca de vacinação. O tempo de espera na fila da vacina era de 15 a 20 minutos.
Conforme informado pelo secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões, neste momento, a SES está incentivando os municípios a adotarem estratégias que possam ampliar a cobertura vacinal no Estado.
“Oferecendo também o apoio financeiro para ajudar os municípios a sustentarem as estratégias propostas”, disse.
Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde um total de 524 mil doses da vacina contra influenza neste ano. De acordo com os dados do Ministério, 117.400 doses da vacina foram aplicadas no Estado. Campo Grande, Três Lagoas e Dourados estão entre os municípios com maior cobertura vacinal.
LEITOS
A preocupação das autoridades no Estado está sendo reforçada pelos dados hospitalares. Os hospitais da Capital estão superlotados, principalmente as alas pediátricas.
Em busca de alternativas para suportar a alta demanda por atendimentos nos hospitais de Campo Grande, a prefeitura pretende ampliar o número de leitos em unidades filantrópicas, que atualmente também se encontram todos ocupados.
A secretária municipal de Saúde, Rosana Leite Melo, informou que a situação é de emergência.
“Nós temos deficit de leitos, nós estamos em uma emergência de vírus respiratórios, que causam as doenças respiratórias, e continuamos com o problema”, declarou.
A questão não se resume apenas aos hospitais que atendem o SUS, instituições particulares, como o Hospital Cassems, por exemplo, também estão enfrentando problemas de superlotação em função do aumento de casos de doenças respiratórias.
Saiba
Em 2024, a Capital descartou mais de 70 mil doses de vacina contra influenza por conta da baixa adesão da população, cenário que a prefeitura espera evitar este ano.