Museu da Imagem e do Som inaugura exposição com obras de Humberto Espíndola

O Museu da Imagem e do Som (MIS), que integra a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), abre ao público nesta quarta-feira, a partir das 19h, a mostra “Marco Visita o MIS Humberto Espíndola”. A exposição apresenta nove obras assinadas pelo artista, considerado por muitos o maior expoente das artes visuais de MS, que fazem parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea (Marco).

“Marco Visita o MIS” é uma homenagem da FCMS a Espíndola, que completou 80 anos no dia 4 e segue de vento em popa com a produção de seus trabalhos e com outros projetos, entre eles uma nova publicação mapeando a sua trajetória artística.

Para além do valor das obras em si, do ponto de vista estético, as nove telas da exposição fazem parte da história e da cultura sul-mato-grossenses. Oito desses trabalhos, produzidos em 1978, fazem parte da série “Divisão de Mato Grosso”, um inventário de cores e imagens que fabulam o surgimento político, simbólico, etc. de Mato Grosso do Sul a partir do gesto criativo do filho mais velho da conhecida família de artistas.

DOCUMENTO RARO

“Sempre atento à sua terra, Espíndola não deixou passar o episódio da divisão de Mato Grosso sem um registro histórico para a iconografia de nossa cultura: sua série de oito obras abordando o assunto na época do fato político é o único documento plástico, constituindo-se em preciosa raridade para a cultura sul-mato-grossense”, afirma a professora e crítica de arte Maria Adélia Menegazzo, na revista Raído (Dourados, MS, v. 5, n. 10, p. 171-190, jul./dez. 2011).

“Nessa época, muitos que viviam em Campo Grande não entenderam a proposta da bovinocultura e chegaram a crer que ela pudesse ser uma crítica do artista ao estilo de vida local, mas estavam enganados. Na verdade, Humberto Espíndola, por meio da figura do boi, buscou tecer uma crítica aos generais, à ditadura militar, que teve início em 1964, e ainda discutir as fronteiras da animalidade e da humanidade”, propõe a pesquisadora.

DITADURA E AMBIENTE

A professora Maria da Glória Sá Rosa afirma, na mesma edição já citada da revista Raído, que “a bovinocultura de Humberto Espíndola decorre do olhar atento do artista às configurações ambientais de um estado em que o eixo econômico gira em torno da pecuária, geradora de fartura e de desigualdade social”.

“Primeiro artista a projetar nacionalmente o Estado, sua obra é a mais perfeita metáfora de Mato Grosso do Sul, pela abordagem lírica de uma iconografia rica de sentidos. A pintura assume estatuto de objeto material em um trabalho em três dimensões, que condensa o volume, as cores, os cheiros, as impressões tácteis do universo do boi”, define a professora Glorinha.

“O Nascimento de Mato Grosso do Sul”, “O Sopro”, “Pecus e Pecúnia Discutem a Divisão”, “Cidades Rivais”, “O Arcebispo”, “Dividire Per Multiplicare”, “Eterna Saudade” e “O Passeio do General” estão entre as obras que poderão ser conferidas na exposição. A entrada é franca.

Para Max Freitas, diretor-presidente da FCMS, “é muito importante homenagearmos nossos artistas, e Humberto Espíndola é um expoente da nossa cultura, algumas de suas peças que hoje fazem parte do acervo do Marco estarão em exposição. Elas contam em cores e desenhos a história da nossa terra e uma fase importante para nosso estado. Vale muito a pena contemplar cada obra de arte que será exposta”.

O Museu da Imagem e do Som fica no terceiro andar do Memorial da Cultura e da Cidadania Apolônio de Carvalho, na Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 559, Centro. De segunda-feira a sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min. Mais informações pelo telefone: (67) 3316-9178.

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