Deputado diz que ‘deveria estar preso’ por financiar acampamento golpista
Por financiar acampamentos bolsonaristas contrários ao resultado das eleições, o deputado estadual de Goiás Amauri Ribeiro (União Brasil) disse que “também deveria estar preso”, durante discurso no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
O parlamentar afirmou que, além de ter dado dinheiro para manifestantes favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro, participou de um acampamento e levou comida e água.
No discurso, o deputado respondeu a uma declaração do colega Mauro Rubem (PT), que havia anteriormente defendido a punição daqueles que estimularam atos antidemocráticos.
Ele também se referia à prisão do coronel Benito Franco, ex-comandante da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas). O policial foi preso pela Polícia Federal em abril, na décima fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.
“Eu ajudei a bancar quem estava lá Mande me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, eu levei comida, eu levei água, eu dei dinheiro, eu acampei lá e também fiquei na porta. Porque sou patriota.”
Ribeiro acrescentou que o dinheiro para financiar os protestos contra o resultado das eleições “não veio de fora, veio de gente que acredita nessa nação e que defende esse País e que não concorda com o governo corrupto e bandido”.
MS na mira da PF
A Polícia Federal deflagrou uma investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro com foco nos executores, financiadores, incitadores e organizadores dos ataques.
Em 23 de maio, a corporação abriu a 12ª fase da Operação Lesa Pátria, que focou em agentes que teriam se omitido no controle de manifestantes extremistas em Brasília. A 11ª fase, no início do mês passado, mirou sobretudo em financiadores, entre eles, empresários e produtores rurais.
Durante as diligências, os investigadores apreenderam um verdadeiro arsenal – cinco armas foram encontradas na casa de um só alvo, em Mato Grosso do Sul. Na residência de um investigado de Bauru, no interior paulista, a PF apreendeu R$ 48.850 e US$ 142.600 – o equivalente a R$ 704.444 mil.
Além da PF, uma CPMI no Congresso e uma CPI na Câmara Distrital, em Brasília, investigam os ataques antidemocráticos.
Reprimenda do partido
Em entrevista à CNN, o presidente do União Brasil e deputado federal Luciano Bivar (PE) afirmou que vai submeter o caso à análise da direção nacional do partido para que o correligionário seja repreendido. “Fomos surpreendidos com essa inominável declaração”, disse Bivar. “O União repudia veementemente qualquer ato ou manifestação que agrida a democracia.”