O que o SAG Awards revelou: o Oscar pode ter “surpresas”

Com a exibição do SAG Awards de forma gratuita e online via Netflix (no Youtube), o evento foi uma boa prévia da festa do Oscar de 2023, como falamos aqui na coluna há uma semana.

Honestamente, tenho curtido ainda mais essa festa do que a do Oscar, mesmo que ela “separe” produtores, diretores e outras categorias e foque apenas em atuação.

Há a mesma antecipação, mas o SAG é uma mescla de Golden Globes com Emmys: tem um jantar onde todos bebem, comem e se divertem e também inclui TV/Streaming ao lado do cinema.

Em vez de ficarem agradecendo à Academia, os astros enaltecem o dia em que se sindicalizaram e celebram ainda mais do que a vitória individual, a comunidade artística. É bem bacana.

Dito tudo isso, já tinha antecipado desde o ano passado, que o Oscar de 2023 seria uma noite asiática especialmente com a crescente popularidade do filme Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo.

Será histórica e praticamente confirmada. O filme agora já está no streaming, demanda mais de uma vez para entender e apreciar a confusa narrativa e é o querido do ano.

O SAG Awards é um termômetro para o Oscar – Divulgação

As premiações dos sindicatos (diretores e produtores inclusive) confirmaram a dedução, e consagraram o elenco, sugerindo que todos devam levar o Oscar para casa em algumas semanas.

Afinal, vamos repetir o mantra: o SAG Awards – Sindicato dos Atores – é o termômetro do Oscar e do Emmy. Pode parecer que a noite foi de “surpresas”, mas nem tanto. Vamos falar sobre isso.

Na categoria de séries, confirmou o que veremos nos Emmys mais à frente, repetindo os mesmos vencedores das últimas festas: Abbott Elementary (Paramount Plus) é “a” série de comédia que todos amam e The White Lotus vem levando tudo Melhor Drama.

Até aí, previsível, incluindo o reconhecimento de Jenniffer Coolidge. A deliciosa, complexa e encantadora The Bear vem ganhando destaque pela atuação espetacular de Jeremy Allen White, que mereceu sua estatueta. E o que dizer de Jean Smart com Hacks? Não tinha para ninguém.

Zendaya – Foto – Getty Imagens

Por outro lado, foi inesperado que Jessica Chastain tirasse de Amanda Seyfried o prêmio de atriz em Minissérie Drama, mesmo que ambas estejam perfeitas em séries biográficas.

Jessica interpretou a cantora Tammy Wynnette (que escreveu Stand By Your Man) em George e Tammy e Amanda incorporou a polêmica bilionária Elizabeth Holmes em Dropout). A surpresa da atriz vencedora foi tanta que tropeçou no caminho até o palco.

Eu achei que a vitória de Sam Elliott por 1883, a prequel da série Yellowstone foi um tanto curiosa. Ele é ótimo, claro, mas até então eram dois atores interpretando psicopatas que estavam levando tudo Paul Walter Houser, por Blackbird e Evan Peters por Dahmer — Monster: The Jeffrey Dahmer Story. Será que Hollywood cansou do gênero?

Já na parte de filmes, também há sinais de mudança. Houve quem acreditasse que Austin Butler fosse tirar de Brendan Fraser o Oscar, mas não vai acontecer.

É dele. Já entre as atrizes, a reta final sugere alteração e coerência. A grande favorita vinha sendo Angela Bassett pela poderosa atuação em A Pantera Negra 2: Wakanda Forever e Cate Blanchett melhor atriz por Tár. Vamos entender o que mudou.

Cate Blanchett por Tár, estava ganhando todos os prêmios por sua atuação em A Esposa – Getty Imagens

Pantera Negra não foi unanimidade de crítica, enfraquecendo a memória dos votantes para Angela e Cate ainda não está descartada, até porque ganhou tudo até agora (merecidamente).

Na fase final dos votos do Oscar, o que conta é estar em evidência, por isso alguns filmes menores estão virando o jogo. O que vem se mantendo sempre popular é Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, que já está certo como Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Filme e Melhor Direção.

Ao premiar Jamie Lee Curtis como coadjuvante, Hollywood acena com várias mensagens subliminares. Primeiro prêmio para uma atriz que é popular e adorada desde os anos 1980s, é filha de duas estrelas – Tony Curtis e Janet Lee, que nunca foram premiados – e está com 64 anos, confortável com sua aparência e trajetória.

O discurso de agradecimento dela, lembrando a polêmica dos “nepo kids”(filhos do nepotismo) foi hilário. Portanto com todos esses prêmios, deixar Michelle Yeoh de fora seria impossível e injusto, pois o filme está 100% nas costas dela.

Agora Michelle, que pode vir a ser a primeira atriz asiática a vencer um Oscar, aos 61 anos, faria história e Hollywood a-do-ra essas oportunidades para se convencer que está mais inclusiva.

O anúncio de Melhor Atriz esse ano será o momento mais dramático da noite, as chances estão iguais. Conta a favor de Michelle a popularidade do filme e até as estatísticas.

O que o SAG Awards revelou: o Oscar pode ter “surpresas” – Getty Imagens 

Em 2019 todos juravam ser “o ano de Glenn Close”, que, assim como Cate Blanchett por Tár, estava ganhando todos os prêmios por sua atuação em A Esposa.

Na noite do SAG Awards o prêmio foi para Olivia Colman, pelo filme A Favorita. Pois é, as chances de Cate foram realmente colocadas à prova agora. Nos últimos 15 anos, apenas três vencedores do SAG não repetiram o feito no Oscar. Considere isso nas suas apostas. A menos que a gente repita um momento La La Land…

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