Velório de Amarildo Cruz reúne aliados e adversários políticos
Ao menos 1,5 mil pessoas, entre colegas do partido, amigos, aliados e adversários, passaram na noite desta sexta-feira (17), no saguão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para dar adeus ao deputado estadual Amarildo Cruz, do PT, que morreu no fim da manhã de ontem.
Ele foi internado quarta-feira e logo foi intubado e sofreu um colapso renal. Parentes do parlamentar disseram que ele sofreu duas paradas cardiorrespoiratória, mas os médicos que o atenderam ainda não revelaram o real motivo da morte por meio de um atestado oficial.
Um médico próximo à família revelou que Amarildo sofreu uma pneumonia fulminante. E, apesar de ter sido medicado com antibióticos logo no começo, não resistiu e acabou falecendo após sofrer a terceira parda cardiorespiratória. Caso semelhante, lembra o médico, o correu com a ex-jogadora de vôlei, Isabel, que morreu em novembro do ano passado com quadro semelhante após ser internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Durante o velório, que começou ontem à anoite, apareceram políticos com e sem mandatos de siglas diversas, entre as quais PT, PSB, PDT, PDB, MDB, PDT, PL e PP e outras.
O corpo do deputado foi levado pela manhã para Presidente Epitácio, interior de São Paulo, terra natal do político. Ele morava em Mato Grosso do Sul desde 1981, quando tinha 18 anos de idade. Era pai de três filhos.
Paulo Duarte, ex-deputado estadual, do PSB, era um dos amigos que prestou homenagem ao colega. Duarte e Amarildo, antes de ingressarem na política trabalharam juntos como fiscais tributários da Secretaria Estadual de Fazenda, empregos conquistados por meio de concurso público.
“A gente se conhecida há 38 anos. Amarildo passou no concurso em 1981 e eu, em 1985. Depois, integramos o governo de Zeca do do PT (1999-2006), viramos deputados juntos. Minha história tem muito a ver com a dele. Amarildo era de fino trato, boas relações com todos, querido. Tanto que você ve aqui [saguão] amigos dele e políticos de partidos diversos. Não consigo compreender a morte dele, tão rápida”, afirmou Duarte.
Estimativa é de que 1.500 pessoas tenham passado pela Assembleia Legislativa durante a noite de sexta-feira e madrugada deste sábado
Duarte recordou ainda que durante tantos anos de convívio profissional, não sabia que o colega sofria algum sério problema de saúde. “Pedra no rim ou alguma vez um problema de pressão, nada sério que justificasse a morte repentina”, afirmou.
Presidente do legislativo estadual, o deputado Gerson Claro, do PP, também disse ter ficado surpreso com a morte do colega: “estamos consternados, não conseguimos entender sua morte prematura. Seu legado vai permanecer”, disse o parlamentar.
O velório do deputado ocorreu das 20h30 minutos até às 6h da manhã deste sábado. O governador Eduardo Riedel (PSDB), que foi à cerimônia um pouco antes de o corpo do deputado ser levado para a cidade paulista, disse que “Amarildo sempre foi sensível às causas sociais, e seu legado ficará marcado na história de nosso Estado. Com sinceridade eu estendo aos familiares e amigos minhas preces, pedindo a Deus que lhes conforte neste momento de luto”.
COMBATIVO
A deputada estadual Mara Caseiro, também do PSDB, disse que Amarildo foi um parlamentar que defendia com muita altivez os seus posicionamentos políticos, mas sempre respeitando os pontos de vista de todos os deputados”.
Ela acrescentou: “combativo sim, mas quando se tratava do convívio com os colegas deputados, sempre foi muito educado e, principalmente, com relação à minha pessoa, por ser mulher, na questão de gênero era de um respeito admirável. Sempre gostei de conversar com ele”.
SENSATO
Já o deputado Júnior Mochi, do MDB, afirmou que “o Amarildo foi um extraordinário parlamentar, um cidadão combativo, mas sensato, equilibrado, que buscava o consenso. Iniciei junto no parlamento com ele. Já percorremos o Estado juntos por duas vezes em audiências públicas e na CPI da Saúde. Ele deixa um legado muito grande, uma referência como ser humano, como amigo, pessoa que sempre procurou com suas atitudes levar o bem”.
Os deputados Vander Loubet (federal) e Pedro Kemp (estadual), ambos do PT, outros amigos de décadas de Amarildo, também lamentar a morte. Pedro Kemp disse: “fica seu exemplo de que é possível fazer política com ética e com respeito à população. Gratidão pelos seus ensinamentos e pela amizade fraterna. Siga com Deus, meu líder, para a bancada eterna daqueles que souberam combater o bom combate”.
Segundo Vander, “é uma grande perda. Uma partida prematura, sem dúvida, não só porque tudo aconteceu muito rápido, de terça-feira para cá, mas principalmente porque o Amarildo era uma figura com disposição de sobra para trabalhar por Mato Grosso do Sul e pelas nobres pautas que defendia como cidadão e político”.
João Henrique Catan, deputado estadual do PL, também prestigiou o evento. Ele e Amarildo, nas sessões da Assembleia, costumavam travar duros debates acerca de ideologias políticas.”Vim prestar minhas homenagens a história de luta do deputado Amarildo, meu respeito a sua família e seus amigos”, afirmou o parlamentar.